Senão e Se não
Neste artigo, explico os empregos de SENÃO (junto) e SE NÃO (separado).
Emprego de “se não” e “senão”
Eis outra particularidade bastante interessante e bastante longa. Embora não seja muito comum em provas, aparece aqui e acolá em certames, geralmente, de nível superior. Sugiro que a leia mais de uma vez, devido à quantidade de pormenores que ela apresenta. Vamos a ela...
I - Emprega-se o “se” e depois o “não” quando estes funcionam, respectivamente, como “conjunção condicional” e “advérbio de negação”. Nesse caso, equivalerão, literalmente, a “caso não” ou “quando não” e só devem ser usados em juízos que expressam hipótese, condição, probabilidade. Essa situação representa o emprego mais comum do “se não” separado.
c) A situação era difícil de resolver, se não impossível.
d) “E o pobre Miranda, se não queria sofrer impertinências da mulher e ouvir sensaborias defronte dos criados, tinha de dar ao moleque toda a consideração e fazer-lhe humildemente todas as vontades.” (Aluísio Azevedo)
e) “Entretanto houve um tempo em que, se não me engano, tu eras feliz como eu do prazer que me davas.” (José de Alencar)
II - Emprega-se “senão”, junto, nas seguintes situações:
a) O diretor não fazia outra coisa, senão criticar.
a não ser
b) Ele nunca possuiu amigos, senão bajuladores.
mas sim
c) No processo, não encontramos senões.
defeitos, problemas
d) Não comeu o bolo que a esposa fez, senão um pedaço de pudim deixado pela sogra.
mas sim
e) Todos, senão você, contribuíram com a campanha.
afora, salvo, exceto
f) Ponham, por favor, a criança para dentro da casa, senão poderá adoecer severamente.
do contrário, caso contrário
g) Não havia um senão em sua produção textual.
defeito, problema
h) Da viagem nada trouxe de importante, senão um porta-retratos banhado a ouro.
salvo, exceto, afora
i) “De resto, a não ser de manhã para as aulas, que ia sempre com o Miranda, não arredava pé de casa senão em companhia da família.” (Aluísio Azevedo)
j) “Tinha o coração disposto a aceitar tudo, não por inclinação à harmonia, senão por tédio à controvérsia.” (Machado de Assis)
k) “Parecer-vos-á então que desse panorama indescritível não quis Deus que houvesse outros contempladores vivos, senão vós e o alado músico da alvorada.” (Rui Barbosa)
l) “A definição do pregador é a vida e o exemplo. Por isso Cristo no Evangelho não o comparou ao semeador, senão ao que semeia.” (Pe. Antonio Vieira)
Observações:
a) Há uma situação em que a pontuação faz toda a diferença. Observe:
b) O mesmo procedimento ocorre em situações em que querem alguns autores associar o “se não” à conjunção alternativa “ou”, quando, na realidade, tem-se a ocultação por zeugma de um verbo anteriormente mencionado. Veja: